Nome atribuído ao líquen Rocella tinctoria, Ach, nativo das áreas costeiras das ilhas da Macaronésia, no Atlântico Norte. Tintureira produtora de uma coloração púrpura, a urzela era muito procurada pelas manufacturas têxteis europeias da época moderna, especialmente pelas flamengas, como corante de panos de seda e algodão. Por essa razão, a urzela viria a desempenhar um papel relativamente importante na economia do império português do Atlântico, constituindo monopólio da coroa. Nos Açores, apesar da maior importância que tinha o pastel, afirmou-se como um dos mais significativos produtos de exportação, principalmente com destino a Inglaterra. A urzela foi igualmente relevante na economia cabo-verdiana, desde o início do povoamento até ao século XIX, especialmente nas ilhas do Barlavento. Em Cabo Verde, inicialmente, a sua exploração foi arrendada pelo donatário do arquipélago, infante D. Fernando, aos irmãos João e Pêro de Lugo, castelhanos e mercadores em Sevilha. A urzela foi igualmente explorada em algumas zonas costeiras do Brasil e de África. Aqui, especialmente em Angola, o comércio da urzela contribuiu no século XIX para a dinamização da economia da cidade de Luanda e das praças de Benguela, Novo Redondo e Ambriz. Integrando os carregamentos das caravanas vindas do interior, a par de escravos, marfim e cera, a urzela era um importante produto de exportação, mantendo uma ligação directa e indirecta com o tráfico de escravos. [A: Maria da Graça Delfim, 2015]
Bibliografia: Carreira 1973; Costa 2011; Santos 2002; Wissembach 2011.
doi:10.15847/cehc.edittip.2015v020