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Seixas, Lançarote de (c.1570-1633)

Foi uma das personagens mais influentes, e também das mais representativas, da história portuguesa do Ceilão, onde foi soldado, casado, foreiro, vedor da Fazenda e homem de negócios vários. Natural de Torres Vedras, nascido numa família da nobreza de província, cavaleiro fidalgo da casa de D. Filipe I, Lançarote de Seixas Cabreira partiu para as guerras do Estado da Índia na armada de 1595, assentando inicialmente em Cochim. Em poucos anos, a sua folha de serviços militares valeu-lhe receber de aforamento, em 1600, uma das propriedades mais cobiçadas da ilha de Ceilão, a aldeia de Madampe e suas anexas, uma gabadagama (aldeia pertencente ao património régio) com um rendimento anual estimado em mais de mil xerafins, que havia andado na posse de altas figuras do regime cingalês. Até à sua morte, em 1633, travou várias batalhas jurídicas para conservar o senhorio útil desta aldeia, onde assentou como casado, e em cujo território desenvolveu importantes ensaios de política agrícola e social. Por exemplo, concretizou planos de expansão da produção de canela, pimenta, coco e areca, quer através das novas plantações que ele próprio efectuou, quer através de alterações no sistema de cobrança de direitos, que incentivaram as populações nativas a aumentar a produção e alargaram a mão-de-obra envolvida no descasque de canela, contornando as barreiras que tradicionalmente reservavam essa actividade a uma casta específica. Muita dessa canela era, aliás, exportada por sua própria conta, em contravenção das disposições que faziam da venda da canela um monopólio da fazenda régia. As terras de Madampe eram ainda a base de um lucrativo negócio de panos, sal e ópio que Lançarote de Seixas entretinha com o reino inimigo de Kandy. A par do seu estatuto de casado e de foreiro, Seixas manteve sempre uma participação activa na vida militar, política e financeira da Ilha e do Estado, tendo acumulado vários cargos públicos, que lhe davam prestígio, influência e rendimento. Foi, nomeadamente, vedor da Fazenda do Ceilão por duas vezes (1618-1622 e 1631-1632), capitão da fortaleza de Colombo (1617) e capitão-mor de Jaffna (1627-1630), tendo sido responsável pela construção da respectiva fortaleza e tendo aí proposto a colonização daquele pequeno reino, recém-integrado na coroa portuguesa (1619), através de um programa de imigração maciça de casados. Também armou por sua conta um navio de socorro a Goa, aquando do bloqueio naval anglo-holandês de 1622-3, facto que lhe valeu a mercê do ofício de provedor-mor dos Contos de Goa por dois anos. [A: José Vicente Serrão, 2013]

Bibliografia: Abeyasinghe 1986; Flores 2001; Silva 1970; Torres 1883: 318.

doi:10.15847/cehc.edittip.2013v033

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1 Comentário

  1. […] e pelas desinteligências com o capitão-geral e outras autoridades na ilha. Sucedeu-lhe no cargo Lançarote de Seixas, um dos mais influentes casados do Ceilão. [A: José Vicente Serrão, […]

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