Existem vários sentidos para a palavra sertão, mas todos são unânimes em destacar a distância das áreas civilizadas e a baixa densidade demográfica. Não há uma definição geográfica para esta palavra, pois sertão pode tanto ser uma área agreste, seca e de vegetação rala quanto uma área de mata fechada e água abundante. O importante nesses casos é ressaltar a ideia de um lugar hostil, de difícil adaptação. Sertão, portanto, é um espaço fluído, e sua delimitação pressupõe seu fim. Nesse sentido, se assemelha ao conceito de fronteira, uma vez que é um conceito móvel, que sempre se afasta em direção ao interior. Além da mobilidade, outro fator que o aproxima do conceito de fronteira é o fato de ser criado de acordo com as necessidades. Durante a colonização, especialmente no Brasil, o uso do termo esteve associado a área perigosa, com claros objetivos de desestimular a penetração de colonos ou de classificar aqueles que habitavam a região como selvagens, perigosos e bandidos. Nesse sentido, a palavra foi usada para designar áreas habitadas por quilombolas, indígenas e por colonos que se mostravam de alguma maneira arredios ao controle da administração colonial. Seu uso, portanto, justificava o uso da força para conquistar uma determinada região e submetê-la ao controle da civilização. [A: Fernando Lamas, 2013]
Bibliografia: Amantino 2008; Cascudo 1969; Fonseca 2011; Machado 2012.
doi:10.15847/cehc.edittip.2013v012