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Caboclo

Termo utilizado em diferentes regiões da colônia portuguesa na América com significados diversos. Na região Amazônica, caboclo estava associado à classe dos trabalhadores pobres da floresta, numa condição relacional de posição social inferior àquela do interlocutor. Para algumas comunidades indígenas era sinônimo de tapuiu, condição de desprezo por parte das mesmas. Tratava-se de pessoa livre, que vivia da extração dos recursos da floresta, com hábitos alimentares e condições de moradia diferentes dos colonizadores. Etimologicamente, uma das definições origina-se do Tupi caa-boc, “o que vem da floresta”, sendo também entendida como pessoa que se escondia para fugir. Assim, o termo era utilizado pelo interlocutor num sentido depreciativo a quem ele se referia. A segunda definição etimológica deriva de kari’boca, “filho do homem branco”, advinda do processo de estratificação étnico-social ocorrido no período, através da miscigenação, sendo o caboclo o(a) filho(a) de um homem branco com mulher indígena, ou de homem indígena com mulher branca, com um sentido depreciativo. No período colonial, nos sertões que fazem parte do atual Nordeste brasileiro, o termo era utilizado como referência aos indígenas aldeados, que, no entanto, consideravam o mesmo ofensivo. Também designava a população rural subalterna que vivia do trabalho na terra, na condição de posseiro ou morador, com os traços culturais e físicos mencionados. Na região do extremo sul da colônia, o caboclo era reconhecido como o trabalhador livre que vivia da natureza, sendo identificado como pessoa que, por não ser proprietária de terras, vivia da extração vegetal, da caça, da pesca, do cultivo sazonal e do trabalho eventual em derrubada do mato, cuidando de rebanhos ou no trabalho das roças. [A: Darlan Reis Junior, 2015]

Bibliografia: Lima 1999; Martini 1993; Silva 2010; Xavier 2010.
doi:10.15847/cehc.edittip.2015v032

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