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Novas Conquistas (Moçambique)
Em Moçambique, tal como em Goa, a denominação Novas Conquistas aplicava-se aos territórios incorporados no domínio da coroa portuguesa no século XVIII, que eram, assim, diferenciados das regiões de posse antiga. Na África Oriental, a dinâmica expansionista ocorreu para lá da margem esquerda do rio Zambeze, na área dos maraves e dos macuas. Esse processo emergiu na sequência da expulsão, no final de Seiscentos, dos portugueses das feiras do Monomotapa, a sul do Zambeze, pelo changamira (chefe) de Butua, bem como da resistência das linhagens do Monomotapa ao domínio português sobre o território dos prazos do banco direito do rio. Os moradores de Tete, afectados por esses eventos, viraram-se para o território do Estado marave do Undi, onde, a troco de presentes, obtiveram autorizações de vários chefes para ocupar terras e explorar minas de ouro. Cerca de 1740, já a maior parte deles detinha terras na outra margem do rio, chamadas de fatiota, por não estarem sujeitas ao regime dos prazos vitalícios. Em meados da centúria, a pressão dos moradores sobre o território marave abriu o conflito com algumas dessas chefaturas, conduzindo a frequentes escaramuças e expedições de conquista organizadas pelas autoridades portuguesas (1754, 1769, 1770, 1773-1774, 1803, 1807). Estas campanhas militares resultaram na integração nas terras da coroa portuguesa de novos territórios, as Novas Conquistas, que foram concedidos como prazos. Na área do distrito de Sena, foi tentado, sem sucesso, um movimento expansionista idêntico. Em Quelimane ocorreu, tal como em Tete, uma ampliação do território com o domínio da imensa região do Bororo, inicialmente, uma terra de fatiota, que, no final do século, foi transformada em prazo da coroa. [A: Eugénia Rodrigues, 2014]
Bibliografia: Newitt 1995: 207-211; Rodrigues 1998; Rodrigues 2013.
doi:10.15847/cehc.edittip.2014v051