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Anil

Anil ou índigo é um corante natural, de cor azul, extraído das folhas de algumas plantas leguminosas, principalmente a Indigofera tinctoria L. e a Indigofera anil L., nativas respectivamente da Ásia e das Américas. Após a sua chegada à Índia em 1498, e durante boa parte do século XVI, os portugueses tornaram-se os principais fornecedores de anil indiano aos mercados europeus, onde era muito procurado pela sua utilização na indústria de tinturaria. Devido ao seu elevado valor, o anil foi, ao longo da época moderna, um dos principais objectos de interesse, e de concorrência, entre as principais potências coloniais europeias (Espanha, Holanda, Inglaterra, França), que cedo substituíram os portugueses naquela função comercial, ao mesmo tempo que foram promovendo extensas plantações de anil nas suas colónias da Ásia e do Novo Mundo. No quadro do império português, a produção de anil foi também sucessivamente experimentada em alguns territórios (e.g. Cabo Verde, Luanda, ilhas Quirimba, vale do Zambeze), mas com fracos resultados e enfrentando durante muito tempo a resistência dos interesses ligados ao pastel, um corante natural idêntico ao anil, embora de qualidade inferior. Seria apenas no Brasil (principalmente nas capitanias do Rio de Janeiro, Pará e Maranhão), em especial na segunda metade do século XVIII, que o cultivo e a produção de anil viriam a assumir proporções significativas, envolvendo a coroa, as autoridades coloniais e os mercadores e produtores particulares. Essa produção, porém, entrou em acentuado declínio no início do século XIX, antes mesmo da independência do Brasil, devido sobretudo a alterações nos mercados internacionais. [A: José Vicente Serrão, 2014]

Bibliografia: Alden 1965; Dalgado 1988: 45-6, 466-7; Pesavento 2006; Vargas 1994.

doi:10.15847/cehc.edittip.2014v065

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